quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Território Especial: Música com Prazo de Validade

Não é de hoje que percebemos mudanças no cenário musical, mudanças macro de A a Z e em todas as direções.
Um dias desses ouvindo rádio, me deparei com uma questão dessas: As músicas estão tendo um prazo de validade cada vez mais curto.

Vou tentar explicar...

A Dupla Victor & Leo lançou recentemente o novo CD Borboletas. A música que carrega o nome do disco foi tocada á exaustão por todos os tipos de mídia, virou inclusive tema de novela.
Foram ao Faustão, receberam disco de platina, o Clipe foi visto por mais de 8 milhões de pessoas no YouTube, uma verdadeira febre, isso num período de três meses.

De duas semanas para cá passou a ser executada também a música Nada Normal, do mesmo CD, chegando ao topo das paradas em apenas alguns dias. Nada estranho para um trabalho com a excelência de Borboletas, diferente, bem feito, original, provavelmente vai acontecer o mesmo com outras músicas do disco.

Esse não é um fenômeno que acontece só com Victor & Léo e sim uma tendência. Outras duplas tem suas músicas trabalhadas por pouco tempo, mas exploradas até o limite. Cansando rápido e estimulando o consumismo de novos sons. Pessoas ávidas por novidades não se fixam por muito tempo nessa ou naquela música.

Partindo desse princípio o artista fica obrigado a trazer o novo, e o novo do novo, criando assim um efeito dominó. Antes era comum um cantor gravar um disco a cada dois, três anos. Atualmente os lançamentos são anuais, grava-se um já pensando no próximo.

Há pouco tempo atrás o artista corria o país para divulgar seu CD e trabalhava uma música por até um ano. Hoje o prazo de validade dessa música é de no máximo três meses.

Por um lado isso acaba sendo bom, nos novos CDs quase todas as músicas são bem trabalhadas, não são mais perdoados discos com algumas músicas boas e outras só para encher linguiça.

Existe uma cobrança pela inovação, criatividade, originalidade. Nesse quesito a nova geração do sertanejo leva vantagem. Fernando & Sorocaba, Jorge & Mateus e João Neto & Frederico encabeçam a lista dos que chegam a emplacar duas,três músicas numa mesma parada de sucessos...

Um outro recurso dos tempos modernos que passou a ser usado largamente: O lançamento de singles chama a atenção, músicas avulsas são disponibilizadas na internet ou “caem na rede” antes mesmo do CD estar nas lojas. Quando o disco é lançado não chega como um completo desconhecido. Tática cada vez mais usada e certeza de retorno garantido. João Bosco & Vinicius aprenderam muito bem a fazer uso desse recurso.

Tudo isso é conseqüência de um mundo globalizado, onde a informação leva uma fração de segundos pra chegar. A internet provocou isso com os seus Donwloads e a pirataria ajudou. Não existem mais músicas inéditas, o artista cantou, alguém gravou...tá na rede.

Mas não é só a internet a grande vilã desse encurtamento de vida das músicas. Não tão nova mas muito atual, a novela tem cumprido muito bem o papel de alçar ao sucesso um cantor desconhecido com uma música que ninguém ouviu falar e depois devolvê-los ao anonimato. O mesmo acontece com as rádios e seus jabás.

O mais certo de tudo isso é que está havendo um consumismo desenfreado da música, na mesma proporção em que surgem duplas, cantores e bandas. Músicas boas e ruins são criadas para ser sucesso. Fica a pergunta: Como tudo isso vai acabar?

Se tudo continuar nesse ritmo, logo nossos músicos não poderão mais dormir e sonhar com outras coisas que não sejam letras, arranjos, sons e acordes.

Um comentário:

  1. Fabinho, muito, muito bacana mesmo esse post. O que mais preocupa é o ponto, bem lembrado por você, do quão fácil está alcançar o sucesso e sucumbir ao anonimato.

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